quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Meu pé de laranja lima - José Mauro Vasconcelos -Lembre-se de mim de vez em quando. José Mauro de Vasconcelos

MEU PÉ DE LARANJA LIMA - JOSÉ MAURO VASCONCELOS



"Porque pra lembrar a gente precisa primeiro esquecer, e isso eu não posso nunca."                     José Mauro de Vasconcelos

"Meu pé de laranja lima" de José Mauro de Vasconcelos (1968)


Rafael Cortez canta em audiolivro de "O Meu Pé de Laranja-Lima"; ouça trecho!

  • Rafael Cortez durante gravação do audiolivro "O Meu Pé de Laranja-Lima", de José Mauro de Vasconcelos
O humorista Rafael Cortez emprestou recentemente sua voz para gravar o audiolivro de "O Meu Pé de Laranja-Lima", clássico da literatura infanto-juvenil escrito por José Mauro de Vasconcelos. Quinto audiolivro que ele grava, Rafael diz que este é o primeiro que ele pediu, de fato para fazer: "Pedi para fazê-lo porque é minha primeira referência concreta de literatura. Foi o que mais me marcou, me apaixonei pelo livro".
"Tinha uns 7, 8 anos quando li o livro pela primeira vez, era ainda um menino impúbere... Mas me identifiquei muito, pela ternura, pela fonte de meiguice, mais do que pela realidade de Zezé, que era pobre, e eu não tive esse problema. Me identifiquei também porque ele tera um menino muito rico de imaginação", diz. Confira abaixo um trecho do livro, que será lançado em São Paulo no dia 14 de abril:
"O Meu Pé de Laranja-Lima" conta a história do garoto Zezé, que pertence a uma família que passa por dificuldades e passa a ter como confidente um pé de laranja lima. Ele diz que chegou a gravar suas falas com os "olhos marejados de emoção". Além de fazer uma leitura do livro, Cortez canta algumas músicas, sempre acompanhado de seu violão.
Para Rafael, a escolha por fazer um audiolivro é herança de sua carreira como jornalista. Ele quer que seu público jovem "expanda os horizontes" com a obra: "Como humorista, me projeto e fico popular. Tenho a grande sorte de estar no CQC e aproveito esse momento para fazer outras coisas. Quero que os jovens que me conhecem vejam essas outras facetas minhas [os audiolivros, o disco]. Os jovens de hoje são muito alienados, tendem a fechar muito os horizontes e ficar no lugar comum. Gostaria que eles resgatassem os clássicos da literatura."
Diferente de outros colegas do CQC que têm trabalhos paralelos com humor (e ganham bem por isso), Rafael diz que os livros não lhe dão dinheiro, mas prazer: "É uma investida meio louca, porque poderia ganhar mais dinheiro com o humor, mas sou mais feliz assim".
Em paralelo ao CQC, o humorista já havia gravado um disco instrumental e havia emprestado a voz para quatro livros de Machado de Assis: "A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água", "Dom Casmurro", "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Quincas Borba". Ele também está buscando patrocínio para fazer um show e um DVD em homenagem aos 70 anos da cantora Nara Leão.





Livro que meu filho, Renan leu em 2007.
Agora - O Meu Pé de Laranja Lima - 117ª Ed. Nova Ortografia

"Para não falar do sol e do céu alegre tão azul. Dindinha uma vez disse que alegria é um 'sol brilhante dentro do coração'. E que o sol iluminava tudo de felicidade. Se era verdade, o meu sol dentro do peito embelezava tudo..."
 (O Meu Pé De Laranja Lima, p. 147)


REPORTAGEM

Longa adaptado da obra "Meu Pé de Laranja Lima" comove público no Festival do Rio

Fabíola Ortiz
Do UOL, no Rio



O diretor Marcos Bernstein (à esq) e os atores José de Abreu e Caco Ciocler posam para fotos antes da exibição do filme Meu Pé de Laranja Lima (29/9/12)

O diretor Marcos Bernstein (à esq) e os atores José de Abreu e Caco Ciocler posam para fotos antes da exibição do filme "Meu Pé de Laranja Lima" (29/9/12)

O longa adaptado da obra “Meu Pé de Laranja Lima” escrito por José Mauro de Vasconcellos, ganha mais uma versão para o cinema de Marcos Bernstein e emocionou o público, na segunda noite (29), na mostra competitiva da Première Brasil do Festival de Cinema do Rio, no Cine Odeon.
No elenco, José de Abreu vive o Manuel Valandarez, conhecido como “Portuga”, e contracena com o ator mirim João Guilherme Ávila, de 10 anos, que interpreta Zezé, de família pobre no interior de Minas Gerais. Zezé é um espoleta e criativo menino que encontra um refúgio no seu pé de laranja lima para inventar suas histórias.
A sessão de 97 minutos terminou mais de meia noite e comoveu a plateia que assistia a pré-estreia. “Chorei quando vi o filme, na filmagem e quando lia o roteiro”, admitiu José de Abreu na saída da sessão.
Esta noite foi a primeira vez que muitos atores e membros da equipe de filmagem viram o longa editado pela primeira vez. “Eu entrei no barato do filme. Esqueci que estava no filme e virei espectador”, disse o ator que vive o Nilo na novela "Avenida Brasil" da Rede Globo.
Neste caso, o portuga virou um grande amigo de Zezé que, por ser arteiro, superava os maus tratos e aos espancamentos do pai em casa.
Ator-mirim é revelação


  • Em "Meu Pé de Laranja Lima", Zezé vive com sua família pobre no interior e seu esporte favorito é transformar sua casa e a vizinhança em cenário para suas traquinagens. Seu refúgio preferido é um pé de laranja-lima, com quem desabafa as coisas ruins e comemora uma boa novidade
A experiência de contracenar com o ator-mirim que protagoniza o filme foi positiva, para José de Abreu: “João é muito bom, a gente ficou super amigo. Ensaiamos bastante. Foi um trabalho difícil para ele e para mim também, sofri demais. É muito difícil conviver com esse nível de violência”, contou o ator.
O menino revelação do filme é o paulista João Guilherme de Ávila Costa, 10 anos, que diz sempre ter gostado de filmes de aventura. “Eu adoro ver filmes e aceitei na hora o convite. Minha família inteira me acompanhou nas filmagens. Vai ser a primeira vez que eu vou me ver na tela de cinema, estou muito ansioso, desde hoje de manhã”, brincou João aos jornalistas. “Nunca tinha vivido isso antes e não imaginava que faria algo parecido. Esse é o meu primeiro filme e é a primeira vez que eu trabalhei com um ator famoso”, contou João ao tentar acostumar-se com os flashes no tapete vermelho na entrada do Cine Odeon.
Marcos Bernstein explica os desafios para adaptar uma obra conhecida mundialmente em mais de 19 países. Da concepção do filme até a sua finalização foram quase dez anos de trabalho.
Com um orçamento de cerca de R$ 3 milhões, o filme foi rodado em duas etapas entre 2010 e 2011 no pólo de cinema de Cataguases, Leopoldina e na região no entorno de Minas Gerais.
Bernstein já dirigiu “O Outro lado da Rua” (2004), vencedor de cerca de 20 prêmios nacionais e internacionais, e do documentário “A Era dos Campeões” (2011), que competiu no Festival do Rio 2011. Ele também escreveu roteiros de filmes como “Central do Brasil” (1998), “Chico Xavier” (2010), “Zuzu Angel” (2006). Este é o seu segundo longa-metragem de ficção como diretor.
Novo olhar sobre a adaptação
Para o público ansioso em ver o longa na telona, Bernstein admitiu ter se encantado com o projeto e que “Meu Pé de Laranja Lima” nunca foi visto, apenas por um grupo muito restrito de pessoas.
“Agora ele vai ser mostrado na nossa cidade. Esse momento se torna mais especial. É um projeto de paixão. O filme fala sobre o poder da amizade, do carinho, do afeto e também da superação. Que o filme consiga passar essa inebriante sensação do poder da imaginação e da criatividade”, anunciou o realizador.
O diretor garante que o longa não foi feito apenas para o público infantil. “É um filme de família, que tem um diálogo direto com os adultos, pessoas que vão rever sua infância e lembrar seu momento de criatividade. O filme fala da infância e comunica com as crianças de todas as idades”, explicou.
Apesar de ter sido lançado no final da década de 60, a obra continua emocionando e é vendida em mais de 14 países, sento adotado até por escolas francesas.
“É um livro muito querido e muito lido. No filme, a gente teve a possibilidade de dar o nosso olhar, o nosso ponto de vista. A gente teve a liberdade de pegar o espírito do livro e do personagem e botar o nosso olhar”, explicou Bernstein em entrevista.



Por que este livro é importante para mim?
    Primeira experiência.
Quando tinha 10 anos li o livro, logo após, assisti o filme. Amei!Marcou muito minha infância, pois passava minhas férias na casa da minha vó , espaço rural, e usava minha imaginação buscando em cada árvore um ser que precisava ser cuidado e protegido.
    Mas não parou aí, cresci e consegui concluir uma universidade.
    Segunda experiência.
          Sou professora e tenho um projeto chamado LITERARTE. Trabalho com ele desde 2000 ( E.E.Alneda de Matos Machado- Ataléia MG). O projeto foi tão gratificante para mim, que em todas as escolas que trabalhei implantei o mesmo. Até que tive a oportunidade de dar aula para meus dois filhos e pude  construir com eles o prazer da leitura. Foi com este livro que assisti a apresentação do  meu filho Renan - Colégio CEI- Angra dos Reis. Muita emoção! Fiquei tão orgulhosa e voltei a ser criança escutando, foi perfeito! A síntese, características das personagens, a música, a biografia do autor, enfim!Ele questionou a situação, brotou o interesse em 
conhecer outras histórias.
  Talvez seu pai ou sua mãe tenham lido esta história, quando pequenos. Ou quem sabe você já viu em novela de televisão? Essa é a história de Zezé, que tem muitos irmãos e é de uma família pobre. Ninguém tem muita paciência com ele.
   Quando a família se muda para uma casa onde há muitas árvores no quintal, cada irmão escolhe uma para si – um fica com a mangueira, outro pega o pé de tamarindo e assim vai. Sobra para Zezé um pequeno pé de laranja lima. No entanto, essa árvore fica tão amiga que eles conversam muito e até brincam juntos.
   Esta é uma história sobre um menino que está começando a descobrir o mundo, e a perceber que na vida existem alegrias, como ter um amigo, e também tristezas, como quando o amigo vai embora para sempre. Uma de suas maiores surpresas é perceber que pode cantar sem abrir a boca – ou seja, ficar pensando em uma música e deixá-la tocar dentro da cabeça.
   O livro O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, foi lançado em 1968, e faz muito sucesso até hoje. Em 1970, o diretor Aurélio Teixeira adaptou a obra para o cinema. Também já foram feitas algumas versões para televisão.

Na obra juvenil mais conhecida de José Mauro, a pobreza, a solidão e o desajuste social vistos pelos olhos ingênuos de uma criança de seis anos. Nascido em uma família pobre e numerosa, Zezé é um menino especial, que envolve o leitor ao revelar seus sonhos e desejos, por meio de conversas com o seu pé de laranja lima, encontrando na fantasia a alegria de viver.


Música - O meu pé de laranja lima (TV Tupi - 1970) - Tema de abertura

"Foi traduzido para 32 línguas e publicado em 19 países. Foi adotado em escolas e, posteriormente, adaptado para o cinema, televisão e teatro."

Deus que fez o mundo aparecer 
Fez coisas demais prá se aprender 
Eu mesmo antes de saber falar Já sentia medo de apanhar 
Quando vejo uma luz que ninguém vê 
E me sinto só não sei por que? 
Corro vou pelo campo procurar 
Lá tenho um amigo prá contar 
O meu pé de laranja, laranja lima, lima do pé
 O meu pé de laranja, laranja lima, lima do pé
 Se eu paro um pouco prá pensar 
Vejo que não há nada prá esperar Mas sei que outro dia vai nascer 
Creio que o mundo é bom de se viver
 Sempre que o tempo passa sem sentir 
Sei que é hora de se divertir 
Tenho bastante gente prá assustar 
E muita mentira prá contar 
O meu pé de laranja, laranja lima, lima do pé 
O meu pé de laranja, laranja lima, lima do pé

Síntese
Escrita por uma adolescente do nono ano.

    Um garoto chamado Zezé, tinha 6 anos (ou 5 mas gostava de dizer que ele tinha seis).
Ele vivia em uma casa de tamanho médio, seu pai se chamava Paulo, e estava desempregado, sua mãe, que por causa de seu marido desempregado trabalhava até tarde numa fábrica, e mais três irmãos: Totoca, Jandira e Glória.
    Por causa do desemprego de seu pai, eles foram obrigados a mudar para uma casa menor, onde o garoto conheceu Minguinho seu pé de laranja lima, que fica sendo seu melhor e único amigo.
Como o moleque sempre foi muito arteiro, recebeu muitas palmadas e era surrado constantemente, apesar de que as vezes não tinha culpa do que acontecia.
   O garoto tinha cinco anos, aprendeu a ler e por isso foi a escola mais cedo. Lá ele era um garoto muito comportado e gostava muito da professora Célia Paím, ao qual, levava flores todos os dias, e apesar de contarem a ela o diabinho que ele era, ela não acreditava.
Um dia o garoto foi pegar uma carona do lado de fora do carro, mas o carro era de um português chamado Manuel Valandarez, que tinha o carro mais bonito da cidade. O português viu isto e lhe deu uma surra que o garoto jurou se vingar.
   Mas o tempo foi passando e o garoto ia se esquecendo. E num dia ele pisou num caco de vidro que abriu um corte, mas mesmo assim o garoto ficou decidido de ir para a escola.
Enquanto atravessava uma rua o português viu o garoto e pediu para ver o corte.
   Vendo aquele corte enorme ele levou o garoto de carro até o hospital, e fizeram muitos ponto nele.
   Desde então eles ficaram muito amigos e o português foi lhe tratando como um filho, sempre muito carinhoso.
   Foram até pescar algumas vezes e passavam a tarde toda juntos. Outras vezes iam tomar sorvete e fazer outras coisas. Outra vez o português deixou o menino andar de carona em seu carro, o português o convenceu até de não falar mais palavrões.
   Eles eram muito amigos até que ele recebeu a notícia que o carro do português foi esmagado por um trem, o português não resistiu e morreu.
   O garoto entrou numa depressão profunda, e como a família desconhecia a sua amizade com o português, eles acharam que foi a notícia que seu pé de laranja lima seria cortado.
   O garoto permaneceu dias comendo pouco, sem falar, deitado em sua cama e querendo morrer. Mas com as palavras de Glória, sua irmã preferida, ele conseguiu retornar a sua vida normal.

Novelas

   No mesmo ano - 1970 - "Meu pé de laranja lima" deu origem a uma novela da autoria de Ivani Ribeiro. Foi produzida pela extinta TV Tupi e exibida de Novembro de 1970 a Agosto de 1971. Cláudio Corrêa e Castro interpretou o papel de Manuel Valadares (Portuga).

   Grande sucesso de público, a história cativou os telespectadores, recebeu vários prêmios e teve uma audiência de 45%. 

   Em 1980, a Rede Bandeirantes aproveitou o mesmo texto de Ivani e produziu uma segunda versão da telenovela, com Dionísio Azevedo no papel de Portuga.




Meu Pé de Laranja Lima 1970 - Filme






Interessante!

Livro "Meu Pé de Laranja Lima" é adaptado para mangá na Coreia

Um dos títulos mais populares entre jovens brasileiros na década de 1970, "Meu Pé de Laranja Lima", de José Mauro de Vasconcellos, ressurge agora em mangá. A versão em quadrinhos vem da Coreia. A informação é da coluna "Painel das Letras", de Josélia Aguiar, publicada na edição deste sábado da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).O mangá é assinado pelo ilustrador Woorinoori e saiu pela editora Dongnyok Publishers. O título, em adaptação para o português, é um dos anunciados para o próximo ano pela Melhoramentos, que pretende incrementar seu catálogo de quadrinhos com obras adaptadas de grandes clássicos brasileiros e estrangeiros. A obra de Vasconcellos, de 1968, vendeu 2 milhões de exemplares. Chegou a países como Dinamarca, China e Turquia.

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BOL NOTÍCIAS


 A Biografia de José Mauro de Vasconcelos

Patrono do Grêmio Literário José Mauro de Vasconcelos - Centro Cultural da Região de Bangu - Museu de Bangu
José Mauro de Vasconcelos
A denominação Grêmio Literário José Mauro de Vasconcelos é, ao mesmo tempo, homenagem a sociedade congênere que funcionou em Bangu no período de 1907 a 1939, inicialmente com o nome de Grêmio Philomático (1907 / 1925) e depois de Grêmio Literário Rui Barbosa (1925 / 1939) e ao consagrado romancista José Mauro de Vasconcelos.
José Mauro de Vasconcelos nasceu em Bangu, bairro do Rio de Janeiro, a 26 de Fevereiro de 1920. Filho de Estefânia de Vasconcelos e de Paulo de Vasconcelos. Iniciou os estudos na Escola Martins Júnior em Bangu. Filho de família muito pobre, a ponto de ainda menino, ter de viver com os tios em Natal no Estado do Rio Grande do Norte. Aos nove anos, aprendeu a nadar e, com grande prazer, lembra dos seus treinos de natação nas águas do Potengi, dos sonhos de ser campeão. Ainda em Natal, fez dois anos do Curso de Medicina.
Novos sonhos e uma maleta de papelão eram a bagagem do jovem que voltou ao Rio, num velho cargueiro. O primeiro emprego foi de treinador de peso-pena, quando 100 cruzeiros pôr luta eram o limite entre uma vida difícil e a fome. Virou estátua em 1941, no monumento à juventude do jardim do Ministério da Educação, no Rio. José Mauro era modelo da Escola Nacional de Belas Artes e acabou esculpido por Bruno Giorgi.
De carregador de bananas numa fazenda do litoral do Estado do Rio de Janeiro a garçom de boate em São Paulo, José Mauro percorreu distâncias e empregos em quantidade, no aprendizado de vida que parece essencial a certo tipo de escritores. Outra experiência foi uma bolsa de estudos na Espanha, limitada a uma semana pelo estudante, que não agüentou a vida acadêmica e preferiu correr a Europa. A atividade mais importante foi a que exerceu junto aos irmãos Villas-Boas, varando rios em plena região do Araguaia, conhecendo o ambiente hostil e lutando pelos índios.
Estava amadurecido o homem José Mauro de Vasconcelos. O resultado disso foi seu livro de estréia, “Banana Brava”, de 1942. Nele reflete o mundo dos homens sem piedade dos garimpos onde viceja e jamais frutifica a Banana Brava; o livro simplesmente não aconteceu na época apesar de algumas críticas favoráveis. Depois veio “Barro Blanco”, em 1945.
                                                            Barro Blanco 
          Essa estória das salinas de Macau, no Rio Grande do Norte, conseguiu para José Mauro um grande sucesso de crítica. O livro seguinte foi “Longe da Terra” em 1949, marcando a volta do escritor ao sertão (“Difícil encontrarmos um livro que nos ofereça de maneira tão natural a embriaguez da terra” disse o crítico Herculano Pires). Depois de “Vazante” em 1951, vieram “Arara Vermelha” em 1953 e “Arraia de Fogo” de 1955. Para escrever o livro de 1953, percorreu cerca de 250 léguas no sertão bruto.       
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            “Rosinha, Minha Canoa”, de 1962, marcou o primeiro sucesso da literatura de José Mauro. Recebeu elogios como o de Abdias Lima. “A narrativa, com sua trama que corre como um rio, sem truques e artifícios literários , as personagens, com seu palavreado típico, fazem de “Rosinha, Minha Canoa”, uma grande estória nacional.
Rosinha, Minha Canoa
                                               A imprensa já procurava o escritor em ascensão e perguntava sobre suas preferências literárias ( “Graciliano Ramos, Zé Lins do Rego”), sobre seu modo de escrever (“Escrevo meus livros em pouco dias. Mas passo anos ruminando idéias. Escrevo tudo a máquina. Faço um capítulo inteiro e depois é que releio o que escrevi. Escrevo a qualquer hora, de dia ou de noite. Quando estou escrevendo entro em transe. Só paro de bater nas teclas da máquina quando os dedos doem. Só aí percebo quanto trabalhei. Sou um cara capaz de varar dias escrevendo até a exaustão”).
“Doidão” em 1963conta a adolescência do escritor em Natal, claro que de forma romanceada. “O Garanhão das Praias” de 1964, com sua ação altamente dramática, é bem diferente de “Coração de Vidro” também de 1964, um livro de fábulas em que os animais ganham dimensão humana e lírica. De 1966 é “As Confissões de Frei Abóbora”, obra que antecedeu o grande sucesso do escritor, “O Meu Pé de Laranja Lima”.
   
                                                       “O Meu Pé de Laranja Lima” saiu em doze dias. (“Porém estava dentro de mim há anos, há vinte anos”), diz José Mauro. E o livro de 1968, conquistou os leitores brasileiros do Amazonas ao Rio Grande do Sul, quebrando todos os recordes de vendagem.
A crítica também se entusiasmou com a obra e não faltaram elogios: “Qualquer pessoa de sensibilidade que leia esse livro de José Mauro de Vasconcelos se projeta na figurinha de Zezé…”- Ivone Borges Botelho; “Recomendo a todos a leitura de “O Meu Pé de Laranja Lima” e dos outros romances de José Mauro de Vasconcelos, cuja obra está exigindo estudos mais longos, pois é um dos bons narradores que o Brasil já teve em qualquer tempo”- Antonio Olintho; “O Meu Pé de Laranja Lima” é um documentário social e um estudo psicológico, que soa como uma canção,
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onde há intensa realidade e, pôr isso mesmo, ternura e amor. – Euclides Marques Andrade.
Dizia o escritor, na época: “Tenho um público que vai dos 6 aos 93 anos. Não só aqui no Rio de Janeiro ou em São Paulo, mas em todo o Brasil. Meu livro “Rosinha, Minha Canoa” é utilizado em curso de Português na Sorbonne, em Paris.
As traduções no estrangeiro se multiplicaram. “O Meu Pé de Laranja Lima” saiu na Áustria, Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, Japão Argentina, Itália, Holanda, China e França. “Barro Blanco” tem edições húngara alemã, “Arara Vermelha” foi publicado na Áustria e na Alemanha e o será brevemente na Holanda. Em preparo, a edição de “Arraia de Fogo” na Hungria. Os direitos de “Meu Pé de Laranja Lima” também estão sendo negociados na Dinamarca, Finlândia e Tchecoslováquia. Em preparo, estão as seguintes edições de “O Meu Pé de Laranja Lima”: norueguesa, sueca e polonesa.
Os livros de José Mauro mereceram a atenção de professores que os levaram para seus alunos. Adotados em inúmeros colégios do país inteiro, servem hoje de texto para as aulas de Português de milhares de crianças e jovens. O mesmo ocorre na Argentina, notadamente com “O Meu Pé de Laranja Lima”.
O fator básico do sucesso de José Mauro é sua facilidade de comunicação com o público, o que se confirmou nos livros posteriores, “Rua Descalça” de 1969, ‘O Palácio Japonês” de 1969, “Farinha Órfã” de 1970, “Chuva Criola” de 1972, “O Veleiro de Cristal” em 1973, “Vamos Aquecer o Sol” de 1974 e “A Ceia” em 1975. Depois vieram “O Menino Invisível” em 1978 e “Kuryala: Capitão e Carajá” em 1979.
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José Mauro de Vasconcelos sempre explicou a característica do seus livros: – “O que atrai meu público deve ser a minha simplicidade. A minha linguagem regional está numa atitude compreensiva. Os meus personagens falam linguagem regional. O povo é simples como eu. Como já disse, não tenho nada da aparência de escritor. É a minha personalidade que está se expressando na literatura, o meu próprio “eu”.
Além, de escritor José Mauro de Vasconcelos foi artista plástico, ator de teatro e de televisão. Ganhou prêmios como coadjuvante em “Carteira Modelo 19” e como ator em “A Ilha” e “Mulheres e Milhões”. Fez ainda “Fronteira do Inferno”, “Floradas na Serra”, “Canto do Mar” (deste escreveu o roteiro). Seus livros “Vazante”, “Arara Vermelha”, “Rua Descalça”, “As Confissões de Frei Abóbora” e “O Meu Pé de Laranja Lima” foram filmados. O último foi um grande sucesso de bilheteria.
Escritor de sucesso, homem simples, artista cuja sensibilidade se exerceu em várias áreas, José Mauro de Vasconcelos foi um dos autores mais famosos em nosso tempo.
Vale ressaltar que “O Meu Pé de Laranja Lima” também foi novela em televisão e enredo do G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel.
            Letra do Samba Enredeo de 1970    Capa do Long Play - Meu pé de Laranja Lima
José Mauro de Vasconcelos, Patrono desta Entidade faleceu em São Paulo a 24 de Julho de 1984.
                           
 josé M. de Vasconcelos autografando um de seus livros
Fonte: Edições Melhoramentos e Grêmio Literário José Mauro de Vasconcelos.






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