sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Regrinhas práticas de português para evitar gafes.

Direito não é o que me dão. É o que ninguém pode me tirar. É aí que reside a verdadeira Justiça... simples assim...                                                                      Scheiman

Aluno não precisa seguir regras para falar corretamente?

 Em um livro de português, distribuído pelo Ministério da Educação, o MEC defende que a maneira como as pessoas usam a língua deixe de ser classificada como certa ou errada e passe a ser considerada adequada ou inadequada, apenas.

 A defesa de que o aluno não precisa seguir algumas regras da gramática para falar de forma correta está na página 14 do livro “Por uma vida melhor”. 
MAS...
Ainda em 2013 quem...


" Errar é humano, persistir no erro, é .


   A fala é livre, mas quando vamos para escola ou lemos , devemos colocar em prática o que aprendemos "visualizamos", pois só assim, a comunicação não vai falhar!
   Somos capazes de dominar nossa língua materna, basta querer. Não tenha vergonha de perguntar e pesquisar! Nós somos ignorantes, pois não dominamos todos os saberes ,porém, todos os dias podemos buscar mais conhecimento.
    Seja curioso!
O medo mutila a escrita.
( Salman Rushdie )
Querer é agir!


Leiam é interessante!

   Você sabe qual é a área do cérebro que utilizamos para escrever?
   Se não souber responder, não se preocupe. O motivo é simples: não há uma área específica do cérebro para a escrita.
   O ato de escrever foi desenvolvido pelo homem a fim de se comunicar. Por não ser algo natural, para realizá-lo acionamos os mesmos mecanismos cerebrais que utilizamos para falar, convertendo assim o som em imagem. "É por isso que quando lemos algo em voz baixa ouvimos nossa própria voz em nossa cabeça", explica fonoaudióloga e psicopedagoga Telma Pantâno. Ou seja, falar e escrever são ações profundamente relacionadas e dificuldades em uma dessas competências podem refletir na outra.
   É por isso que o problema da fala não deve ser subestimado. "Uma fala errada, que ao mesmo tempo é irresistivelmente engraçadinha, pode mascarar a dificuldade da criança em se comunicar adequadamente", alerta a também fonoaudióloga Marta de Toledo Prioli.
    Muitas vezes, as dificuldades de aprendizagem, comportamento e linguagem são confundidas, o que produz inúmeros diagnósticos equivocados. As crianças acabam sendo rotuladas como problemáticas, quando, na verdade, possuem problemas de comunicação.
Confira dados importantes sobre o assunto:
1. Qual a relação da fala com a escrita?
A escrita é a relação entre um som de nossa língua (fonema) e um sinal gráfico (grafema). Normalmente, cada fonema é representado por uma única letra; assim, para representar o fonema /i/, usamos o grafema i. Para escrever, devemos relacionar um som com um sinal gráfico, mas se a produção desse som não for adequada (no caso de quem fala errado), a escrita poderá ficar prejudicada.
2. Quais são os problemas relacionados à fala?
Algumas alterações são mais evidentes, como gagueira, língua presa e rouquidão, porém outras não são tão óbvias e podem causar grandes transtornos. E os professores muitas vezes não são preparados para diferenciar as alterações de linguagem, fala e voz, que não são a mesma coisa. A presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Irene Marchesan, explica que a linguagem consiste naquilo que se quer dizer, a fala é a articulação dos sons, e a voz, que faz parte da fala, é o som em si, com determinada frequência e intensidade.

As alterações de fala que mais prejudicam o aprendizado da escrita são as de origem perceptiva: a criança, mesmo escutando perfeitamente bem, não percebe auditiva-sinestesicamente as características de um determinado som e por isso não consegue reproduzi-lo.

De acordo com Jaime Zorzi, médico-fonoaudiólogo e especialista em crianças com dificuldade de aprendizagem, o sucesso da comunicação escrita depende muito da comunicação oral. Ele contou a história de dois meninos com dificuldades para aprender a ler e escrever. Jaime ditava aos garotos uma palavra e, na primeira tentativa, o resultado era desastroso: as letras no papel não tinham nenhuma relação com o que fora dito.

Em seguida, Jaime ajudava a criança a escutar os sons das palavras, separando-as em sílabas. Assim, conforme os meninos repetiam em voz alta os sons pretendidos, o resultado melhorava. "Quando falavam, se saíam bem", resume. Ao fonoaudiólogo, assim, cabe trabalhar a oralidade para automatizar escrita.

Quem fala errado tem também maior dificuldade em se fazer entender, gerando problemas de comunicação e de relacionamento. Diante disso, a criança pode reagir de forma agressiva ou introspectiva, mostrando-se insegura e com baixa autoestima, prejudicando o processo de aprendizagem.
3. Como os professores podem ajudar?
É importante que professores e educadores tenham conhecimento da questão, pois convivem mais com as crianças do que seus médicos e, por isso, podem identificar antes uma disfunção. Se um aluno não consegue acompanhar o ritmo da classe, é preciso investigar o porquê.

Além disso, é importante incentivar as crianças e jovens a falarem em aula. De acordo com Telma, a partir do momento em que ensinamos as crianças a escrever, elas param de falar: "Substituímos a fala pela escrita: o aluno precisa ler e responder por escrito. Quando ele fala, é considerado bagunceiro. Porém, pensar é fundamentalmente linguagem, precisamos saber se eles utilizam corretamente a análise sintática na fala e como isso vai aparecer na escrita. Quanto mais falamos, mais aprendemos a falar", completa.

Segundo a orientadora pedagógica da escola Vera Cruz, em São Paulo, Daniela Pannuti, há casos em que a criança consegue superar eventuais dificuldades, como trocas de letras e omissões de fonemas, no decorrer do trabalho de alfabetização, a partir de atividades propostas pelo professor. Um exemplo de atividade é usar de um repertório estável, como uma lista de nomes dos colegas e das atividades de rotina, afixadas na sala de aula. Conforme se apropria dessa lista e faz associações entre as sílabas da lista com outras palavras, a criança consegue progressivamente corrigir seus erros de fala.
4. Como os pais podem ajudar?
Uma dica simples e valiosa para os pais: ao conversar com seu filho, use vocabulário apropriado à idade, mas sempre fale corretamente. Nunca infantilize sua fala para imitar o modo de falar dos bebês, como "bincar" ao invés de brincar, "tetê" em vez de mamadeira, pois dessa forma os pais incentivam a criança a persistir no erro.

Cuidar da alimentação também pode ajudar, pois certos nutrientes interferem no processo de fortalecimento da musculatura oral. É imprescindível que as crianças consumam alimentos sólidos para fortalecer tais músculos, assim como o uso de mamadeiras e chupetas não deve ser prolongado, ainda que os bicos sejam ortodônticos
5. Quando procurar ajuda?
A atuação clínica é fundamental para corrigir distúrbios da comunicação em geral. A partir do momento em que se corrigem problemas de fala, previnem-se também os de escrita. Da mesma forma, problemas comportamentais também podem ser corrigidos: quando as crianças aprendem a se comunicar, elas param de bater, chutar, morder...

Os distúrbios variam de caso a caso, mas, em geral, se seu filho já completou 4 anos e ainda fala errado, ele deve ser avaliado por um fonoaudiólogo, pois isso evitará danos futuros no processo de alfabetização.

* Telma Pantâno, Irene Marchesan e Jaime Zorzi palestraram sobre o desenvolvimento da aprendizagem e da comunicação oral e escrita e o papel da fonoaudiologia Educacional durante a feira Educar Educador, que aconteceu em 2012






    Vale a pena aprender?


Vou apresentar alguns erros que podem ser facilmente evitados, se você ainda não sabe:


Nunca diga:                                                        Sempre diga:
menas                                                                   menos
iorgute                                                                  iogurte
mortandela                                                           mortadela
mendingo                                                             mendigo 
trabiceiro                                                              travesseiro 
cardaço                                                                 cadarço 
asterístico                                                             asterisco 
meia cansada                                                        meio cansada
calorta                                                                   calota
De menor - De maior                               Maior ou menor de idade
digestã                                                                  digestão
imbigo                                                                   umbigo
beneficiente                                                          beneficente
Casa germinada(brotar,nascer)          Casa geminada(duplicar)
gospir ou guspir                                                   cuspir
vasculhante                                                           basculhante 
porisso                                                                   por isso
                                                                mulher -obrigada
                                                                homem - obrigado
haja visto                             haja vista( que se oferece à vista)
Fazem dois anos.                                                  Faz dois anos .
Haviam                                 Havia muitas pessoas no local.
À partir                                                                A partir
salchicha                                                             salsicha

Obs.: Apesar da palavra correta ser Salsicha (do italiano, salsiccia) já existe nos dicionários uma variação assimilada, Salchicha, significando a mesma coisa.

PERCA OU PERDA?
Não existe o substantivo “Perca”. O substantivo neste caso é PERDA”:
  • Perda de mercadoria
  • Perda de peso
  • Perda financeira
  • Perda de cabelo
PERCA existe somente como verbo “perder” no imperativo:
  • Por favor, não perca a hora amanhã.
  • Não perca mais dinheiro, se não ficaremos pobres.
  • Não se perca de mim.

Observação:Você está com muito calor, pode dizer que está SUANDO e não SOANDO.
  • O peixe tem ESPINHA( espinha dorsal) e não ESPINHO.
  • Para EU fazer,comprar,pedir e não para MIM fazer,comprar,pedir ( mim não conjuga verbo)
  • Vamos ver se vocês conseguem “pegar o fio da meada”, pois quem entende não erra mais: sempre que for utilizar antes de um verbo, determinando uma ação (fazemos isso usando o verbo no infinitivo – a forma original do verbo, terminada em AR,ERIR e OR), usa-se o EU.
    É ai que entrava a professora e falava: “Quem faz sou EU, porque quem diz MIM faz é índio”. Testemos como fica horrível usar o MIM, substituindo nos exemplos acima:
    Então, não use MIM para conjugar verbos. É só se acostumar que não se erra mais.
    •  veio a MIM.
    • … faça para MIM.
    • … traga pra MIM.
    Quem faz sou EU (ou seja, se o verbo vem depois, determinando uma ação, é sempre EU):
    • … para EU fazer…
    • … pra EU entregar…
    Portanto, risque o MIM de suas frases que sejam seguidas por um verbo no infinitivo.
  • Você pode ficar com Dó (ou com UM DÓ) de alguém, mas nunca com "UMA DÓ"; a palavra DÓ no feminino é só a nota musical (dó, ré, mi, etc. etc.).                                                  
Obs.: MEIO ou MEIA

  • A maneira mais fácil de saber se meio é advérbio é substituí-lo por outro advérbio de intensidade. Se a frase ficar com sentido, a palavra meio será um advérbio e, portanto, invariável = forma fixa= não muda. Veja um exemplo:

Ex.: Ela está meio nervosa.
Ex.: Ela está um pouco- mais ou menos nervosa.


  • MEIA: o que é? Como e quando usar?
  • MEIA = metade (numeral = variável = muda)
  • Usa-se meia onde couber a palavra metade. Para não ter erro é só fazer essa substituição.
  •  O correto é meio-dia e meiaPor quê?
  • É muitíssimo comum ouvir pessoas dizendo meio-dia e meio, quando na verdade deveriam dizer meio-dia e meia, pois estão querendo dizer que são meio dia e meia hora.
  • Pode notar que falamos sempre: nove e meia, dez e meia, oito e meia… a troca costuma acontecer com meio dia e meia.
   Ex.: Ele tomou meia taça de vinho. (correto) 
Quer dizer que a quantidade que João tomou de vinho equivale à metade da taça.
  • O “meio” quando refere-se a advérbio é invariável, ou seja, não existe “meia” é sempre meio. 
  • No entanto, quando se trata de numeral é variável (meio ou meia), concordará com o substântivo. Se feminino -> meia   (taça) ; se masculino -> meio (copo).

 Ex.: Maria tomou meio copo de água. (Ela tomou o equivalente a metade do tamanho do copo)
 Ex.: Ela tem uma meia-irmã ou uma meio-irmã?
  •  Se forem irmãs por parte de pai ou de mãe, o correto é dizer:  “Ela tem uma meia-irmã” (irmã de sangue por uma das partes: pai ou mãe) 

  •  Caso se consideram irmãs porque tem uma forte amizade ou muitas afinidades o correto é    dizer:  Ela tem uma meio-irmã. (como se fosse uma irmã) 
LEMBREM-SE:
. mal  - contrário de bem
. mau - contrário de bom


Vinte coisas que “falamos” errado e não percebemos…

01 - Planos ou projetos para o futuro.
Você conhece alguém que faz planos para o passado?
Só se for o Michael Fox no filme “De volta para o Futuro”.
02 – Criar novos empregos.
Alguém consegue criar algo velho?
03 – Habitat natural.
Todo habitat é natural; consulte um dicionário.
04 – Prefeitura Municipal.
No Brasil só existem prefeituras nos municípios.
05 – Conviver junto.
É possível conviver separadamente?
06) Sua autobiografia.
Se é autobiografia, já é sua.
07) Sorriso nos lábios.
Já viu sorriso no umbigo?
08) Goteira no teto.
No chão é impossível!
09) Estrelas do céu.
Paramos à noite para contemplar o lindo brilho das estrelas do mar?
10) General do Exército.
Só existem generais no Exército.
.Brigadeiro da Aeronáutica.
Só existem brigadeiros na Aeronáutica.
.Almirante da Marinha.
Só existem almirantes na Marinha.
11) Manter o mesmo time.
Pode-se manter outro time? Nem o Felipão consegue!
12) Labaredas de fogo.
De que mais as labaredas poderiam ser? De água?
13) Pequenos detalhes.
Se é detalhe, então já é pequeno. Existem grandes detalhes?
14) Erário público.
O dicionário ensina que erário é o tesouro-dinheiro público, por isso,
erário só basta!
15) Despesas com gastos.
Despesas e gastos são sinônimos!
16) Encarar de frente.
Você conhece alguém que encara de costas ou de lado?
17) Monopólio exclusivo.
Ora, se é monopólio, já é total ou exclusivo…
18) Ganhar grátis.
Alguém ganha pagando?
19) Países do mundo.
E de onde mais podem ser os países?
20) Viúva do falecido.
Até prova em contrário, não pode haver viúva se não houver um
falecido.

MAIS REGRINHAS




O danado do porquê, é o mais confundido. (substantivo. acentuado)




Por que você se atrasou? ( interrogativa, separado)



Então, diga por quê? (interrogativa no final da oração acentuado).



Estudo porque gosto. (conjunção causal).



Se os dois se amam por que não se casam? (Por qual motivo?)
 
1 - Custas só se usa na linguagem jurídica para designar 'despesas feitas no processo'. Portanto, devemos dizer: " O filho vive à custa do pai". No singular.
 
2 - Não existe a expressão à medida em que . Ou se usa à medida que correspondente a à proporção que, ou se usa na medida em que equivalente a tendo em vista que.
 
3 - O certo é a meu ver e não ao meu ver.
 
4 - A princípio significa inicialmente , antes de mais nada. Ex: A princípio, gostaria de dizer que estou bem. Em princípio quer dizer em tese. Ex: Em princípio, todos concordaram com minha sugestão.
 
5 - À-toa, com hífen, é um adjetivo e significa "inútil", "desprezível". Ex: Esse rapaz é um sujeito à-toa . À toa, sem hífen, é uma locução adverbial e quer dizer "a esmo", "inutilmente". Ex: Andava à toa na vida.
 
6 - Com a conjunção se, deve-se utilizar acaso, e nunca caso. O certo: "Se acaso vir meu amigo por aí, diga-lhe...". Mas podemos dizer: "Caso o veja por aí... ".
 
7 - Acerca de quer dizer a respeito de. Veja: Falei com ele acerca de um problema matemático. Mas há cerca de é uma expressão em que o verbo haver indica tempo transcorrido, equivalente a faz. Veja: Há cerca de um mês que não a vejo.
 
8 - Não esqueça: alface é substantivo feminino. A alface está bem verdinha.
 
9 - Além pede sempre o hífen: além-mar, além-fronteiras, etc .
 
10 - Algures é um advérbio de lugar e quer dizer "em algum lugar". Já alhures significa "em outro lugar".
 
11 - Mantenha o timbre fechado do “o” no plural dessas palavras: almoços, bolsos, estojos, esposos, sogros, polvos, etc .
 
12 - O certo é alto-falante, e não auto-falante.
 
13 - O certo é alugam-se casas, e não aluga-se casas. Mas devemos dizer precisa-se de empregados, trata-se de problemas. Observe a presença da preposição (de ) após o verbo. É a dica pra não errar.
 
14 - Depois de ditongo, geralmente se emprega “x”. Veja: afrouxar, encaixe, feixe, baixa, faixa, frouxo, rouxinol, trouxa, peixe, etc .
 
15 - Ancião tem três plurais: anciãos, anciães, anciões.
 
16 - Só use ao invés de para significar ao contrário de, ou seja, com idéia de oposição. Veja: Ela gosta de usar preto ao invés de branco. Ao invés de chorar, ela sorriu. Em vez de quer dizer em lugar de . Não tem necessariamente a idéia de oposição. Veja: Em vez de estudar, ela foi brincar com as colegas. (Estudar não é antônimo de brincar).
 
17 - Ainda se vê e se ouve muito aterrisar em lugar de aterrissar, com dois s. Escreva sempre com o s dobrado: aterriSSar.
 
18 - Não existe preço barato ou preço caro. Só existe preço alto ou baixo. O produto, sim, é que pode ser caro ou barato. Veja: Esse televisor é muito caro. O preço desse televisor é alto.
 
19 - Ainda se vê muito, principalmente na entrada das cidades, a expressão bem vindo (sem hífen) e até benvindo. As duas estão erradas. Deve-se escrever bem-vindo, sempre com hífen.
 
20 - Atenção: nunca empregue hífen depois de bi, tri, tetra, penta, hexa, etc. O nome fica sempre coladinho. O Sport se tornou tetracampeão no ano 2000. O Náutico foi hexacampeão em 1968. O Brasil foi bicampeão em 1962.
 
21 - Veja bem: uma revista bimensal é publicada duas vezes ao mês, ou seja, de 15 em 15 dias. A revista bimestral só sai nas bancas de dois em dois meses. Percebeu a diferença?
 
22 - Hoje, tanto se diz boêmia como boemia. Nelson Gonçalves consagrou a segunda, com a tonicidade no 'mia'.
 
23 - Cuidado: Eu caibo dentro daquela caixa. A primeira pessoa do presente do indicativo assim se escreve porque o verbo é irregular.
 
24 - Preste atenção: o senador Luiz Estevão foi cassado. Mas o leão foi caçado e nunca foi achado. Portanto, cassar (com dois s) quer dizer tornar nulo, sem efeito.
 
25 - Existem palavras que só devem ser empregadas no plural. Veja: os óculos, as núpcias, as olheiras, os parabéns, os pêsames, as primícias, os víveres, os afazeres, os anais, os arredores, os escombros, as fezes, as hemorróidas, etc .
 
26 - Pouca gente tem coragem de usar, mas o plural de caráter é caracteres. Então, Carlos pode ser um bom-caráter, mas os dois irmãos dele são dois maus-caracteres.
 
27 - Cartão de crédito e cartão de visita não pedem hífen. Já cartão-postal exige o tracinho.
 
28 - Catequese se escreve com s, mas catequizar é com z. Esse português...
 
29 - O exemplo acima foge de uma regrinha que diz o seguinte: os verbos derivados de palavras primitivas grafadas com s formam-se com o acréscimo do sufixo -ar: análise-analisar, pesquisa-pesquisar, aviso-avisar, paralisia-paralisar, etc .
 
30 - Censo é de recenseamento; senso refere-se a juízo. Veja: O censo deste ano deve ser feito com senso crítico.
 
31 - Você não bebe a champanhe. Bebe o champanhe. É, portanto, palavra masculina.
 
32 - Cidadão só tem um plural: cidadãos.
 
33 - Cincoenta não existe. Escreva sempre cinqüenta.
 
34 - Ainda tem gente que erra quando vai falar gratuito e dá tonicidade ao i, como de fosse gratuíto. O certo é gratUito, da mesma forma que pronunciamos intUito, circUito, fortUito, etc.Falamos mais forte a letra U: gratUito.
 
35 - E ainda tem gente que teima em dizer rúbrica, em vez de rubrica, com a sílaba bri mais forte que as outras. Escreva e diga sempre rubrIca.Falamos mais forte a sílaba  BRI.
 
36 - Ninguém diz eu coloro esse desenho. Dói no ouvido. Portanto, o verbo colorir é defectivo (defeituoso) e não aceita a conjugação da primeira pessoa do singular do presente do indicativo. A mesma coisa é o verbo abolir. Ninguém é doido de dizer eu abulo. Pra dar um jeitinho, diga: Eu vou colorir esse desenho. Eu vou abolir esse preconceito.
 
37 - Outro verbo danado é computar. Não podemos conjugar as três primeiras pessoas: eu computo, tu computas, ele computa. A gente vai entender outra coisa, não é mesmo? Então, para evitar esses palavrões, decidiu-se pela proibição da conjugação nessas pessoas. Mas se conjugam as outras três do plural: computamos, computais, computam.
 
38 - Outra vez atenção: os verbos terminados em -uar fazem a segunda e a terceira pessoa do singular do presente do indicativo e a terceira pessoa do imperativo afirmativo em -e e não em -i. Observe: Eu quero que ele continue assim. Efetue essas contas, por favor. Menino, continue onde estava .
 
39 - A propósito do item anterior, devemos lembrar que os verbos terminados em -uir devem ser escritos naqueles tempos com -i, e não com -e. Veja: Ele possui muitos bens. Ela me inclui entre seus amigos de confiança. Isso influi bastante nas minhas decisões. Aquilo não contribui em nada com o progresso .
 
40 - Coser significa costurar. Cozer é que significa cozinhar.
 
41 - O correto é dizer deputado por São Paulo, senador por Pernambuco, e não deputado de SãoPaulo e senador de Pernambuco.
 
42 - Descriminar é absolver de crime, inocentar. Discriminar é distinguir, separar. Então dizemos: Alguns políticos querem descriminar o aborto. Não devemos discriminar os pobres .
 
43 - Dia a dia (sem hífen) é uma expressão adverbial que quer dizer todos os dias , dia após dia. Por exemplo: Dia a dia minha saudade vai crescendo. Enquanto que dia-a-dia é um substantivo que significa cotidiano e admite o artigo: O dia-a-dia dessa gente rica deve ser um tédio .
 
44 - A pronúncia certa é disenteria, e não desinteria.
 
45 - A palavra dó (pena) é masculina. Portanto, sentimos muito dó daquela moça.
 
46 - Nas expressões é muito, é pouco, é suficiente, o verbo ser fica sempre no singular, sobretudo quando denota quantidade, distância, peso. Ex: Dez quilos é muito. Dez reais é pouco. Dois gramas é suficiente .
 
47 - Há duas formas  corretas de dizer: é proibido entrada, e é proibida a entrada. Observe a presença do artigo a na segunda locução.
 
48 - Já se disse muitas vezes, mas vale repetir: televisão em cores, e não a cores.
 
49 - Cuidado: emergir é vir à tona , vir à superfície. Por exemplo: O monstro emergiu do lago. Mas imergir é o contrário: é mergulhar, afundar. Veja o exemplo: O navio imergiu em alto-mar.
 
50 - A confusão é grande, mas se admitem as três grafias: enfarte, enfarto e infarto.
 
51 - Outra dúvida: nunca devemos dizer estadia em lugar de estada. Portanto, a minha estada em São Paulo durou dois dias. Mas a estadia do navio em Santos só demorou um dia . Portanto, estada para permanência de pessoas, e estadia para navios ou veículos.
 
 
52 - E não esqueça: exceção é com ç, mas excesso é com dois s.
 
53 - Lembra-se dos verbos defectivos? Lá vai mais um: falir. No presente do indicativo só apresenta a primeira e a segunda pessoa do plural: nós falimos, vós falis . Já pensou em conjugá-lo assim: eu falo, tu fales... Horrível, né?
 
54 - Todas as expressões adverbiais formadas por palavras repetidas dispensam a crase: frente a frente , cara a cara, gota a gota, face a face, etc.
 
55 - Outra vez, tome cuidado. Quando for ao supermercado, peça duzentos ou trezentos gramas de presunto, e não duzentas ou trezentas .. Quando significa unidade de massa, grama é substantivo masculino. Se for a relva, aí sim, é feminino: não pise a grama; a grama está bem crescida.
 
56 - É freqüente se ouvir no rádio ou na TV os entrevistados dizerem: Há muitos anos atrás... Talvez nem saibam que estão construindo uma frase redundante. Afinal, "há "  já dá idéia de passado. Ou se diz simplesmente Há muito anos. ou Muitos anos atrás. Escolha. Mas não junte o há com atrás.
 
57 - Cuidado nessa arapuca do português: as palavras paroxítonas terminadas em -n recebem acento gráfico, mas as terminadas em -ns não recebem: hífen, hifens; pólen, polens.
 
58 - Atenção: Ele interveio na discórdia, e não interviu. Afinal, o verbo é intervir, derivado de vir.
 
59 - Item não leva acento. Nem seu plural itens.
 
60 - O certo é a libido, feminino. Devo dizer: Minha libido hoje não tá legal .
 
61 - Todo mundo gosta de dizer magérrima, magríssima, mas o superlativo de magro é macérrimo.
 
62 - Antes de particípios não devemos usar melhor nem pior . Portanto, devemos dizer: os alunos mais bem preparados são os do 2º grau. E nunca: os alunos melhor preparados ....
 
63 - Essa história de mal com l, e mau com u, até já cansou. É só decorar: Mal é antônimo de bem, e mau é antônimo de bom. É só substituir uma por outra nas frases para tirar a dúvida.
 
64 - Pronuncie máximo, como se houvesse dois s no lugar do x (mássimo).
 
65 - Toda vez que disser " É meio-dia e meio" você estará errando. O certo é: meio-dia e meia. Ou seja, meio dia e meia hora .
 
66 - Não tenho nada a ver com isso é o certo  e não haver com isso é errado.
 
67 - Nem um nem outro leva o verbo para o singular: Nem um nem outro conseguiu cumprir o que prometeu .
 
68 - Toda vez que usar o verbo gostar tenha cuidado com a ligação que ele tem com a preposição de. Ex: a coisa de que mais gosto é passear no parque. A pessoa de que mais gosto é minha mãe.
 
69 - Lembre-se: pára, com acento, é do verbo parar, e para , sem acento, é a preposição. Portanto:Ele não pára de repetir para o amigo que tem um carro novo.
 
70 - E tem mais: pelo , sem acento, é preposição (contração da preposição por com o artigo o) e pêlo, com acento, é o cabelo.
 
71 - E quer mais? Pêra, a fruta, leva acento, só para diferenciar de uma antiga preposição também chamada pera. Já o plural dispensa o acento: peras. Dá pra entender? O jeito é decorar.
 
72 - Ainda tem mais uma palavra com acento diferencial: pôde, terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo poder.Usamos para o passado! É para diferenciar de pode, a forma do presente. Então dizemos:Ele até que pôde fazer tudo aquilo, mas hoje não pode mais. Percebeu a diferença?
 
73 - Pôr só leva acento quando é verbo: Quero pôr tudo no seu devido lugar. Mas se for preposição, não leva acento: Por qualquer coisa, ele se contenta.
 
74 - Fique atento: nunca diga nem escreva 1 de abril, 1 de maio. Mas sempre: primeiro de abril, primeiro de maio. Prevalece o ordinal.
 
75 - É chato, pedante ou parece ser errado dizer 'quando eu vir Maria, darei o recado a ela' . Mas esse é o emprego correto do verbo ver no futuro do subjuntivo.Certo: Se eu vir, quando eu vir. Isto é certo para o verbo VER(olhar).                      Mas quando é o verbo vir (andar) que está na jogada, a coisa muda: quando eu vier, se eu vier. Então,prestem atenção, pois esta regra quase nunca é usada e nem entendida...
 
76 - Só use quantia para somas em dinheiro. Para o resto, pode usar quantidade. Veja: Recebi a quantia de 20 mil reais. Era grande a quantidade de animais no meio da pista.
 
77 - O prefixo recém sempre se separa por hífen da palavra seguinte e deve ser pronunciado como oxítona: recém-chegado de Londres.
 
78 - Não esqueça: retificar é corrigir , e ratificar é comprovar, reafirmar : 'Ratifico o que disse e retifico meus erros'.
 
79 - Quando disser ruim, diga como se a sílaba mais forte fosse -im. Não tem cabimento outra pronúncia.
 
80 - Fique atento: só empregamos São antes de nomes que começam por consoante: São Mateus, São João, São Tomé, etc. Se o nome começa por vogal ou h, empregamos Santo: Santo Antonio, Santo Henrique, etc.
 
81 - E lembre-se: Seção, com ç, quer dizer parte de um todo, departamento: a seção eleitoral, a seção de esportes . Já sessão, com dois s, significa intervalo de tempo que dura uma reunião ,uma assembléia, um acontecimento qualquer: A sessão do cinema demorou muito tempo. A sessão espírita terminou.
 
82 - Não confunda: senão, juntinho, quer dizer caso contrário. E se não, separado, equivale a se por acaso não. Veja: Chegue cedo, senão eu vou embora. Se não chegar cedo, eu vou embora. Percebeu a diferença?
 
83 - Tire esta dúvida: quando só é adjetivo equivale a sozinho e varia em número,ou seja, pode ir para o plural. Mas só como advérbio, quer dizer somente. Aí não se mexe. Veja: Brigaram e agora vivem sós (sozinhos). Só (somente) um bom diálogo os trará de volta.
 
84 - É comum vermos no rádio e na TV o entrevistado dizer: "O que nos falta são subzídios ". Quer dizer, fala com a pronúncia do z. Mas não é: pronuncia-se ss. Portanto, escreva subsídio e pronuncie subssídio.
 
85 - Taxar quer dizer tributar, fixar preço. Tachar é atribuir defeito, acusar.
 
86 - E nunca diga: Eu torço para o Flamengo. Quem torce de verdade, torce pelo Flamengo.
 
87 - Todo mundo tem dúvida, mas preste atenção: 50% dos estudantes passaram nos testes finais. Somente 1% terá condições de pagar a mensalidade. Acreditamos que 20% do eleitorado se abstenha de votar nas próximas eleições . Mais exemplos: 10% estão aptos a votar, mas 1% deles preferem fugir das urnas. Quer dizer, concorde com o mais próximo e saiba que essa regra é bastante flexível.
 
88 - Um dos que deixa dúvidas. Há gramáticos que aceitam o emprego do singular depois dessa expressão. Mas pela norma culta, devemos pluralizar: Eu sou um dos que foram admitidos. Sandra é uma das que ouvem rádio .
 
89 - Veado se escreve com e, e não com i.
 
90 - Esse português da gente tem cada uma: tem viagem com g e viajem com j. Tire a dúvida: viagem é o substantivo: A viagem foi boa. Viajem é o verbo: Caso vocês viajem, levem tudo.
 
91 - O prefixo vice sempre se separa por hífen da palavra seguinte: vice-prefeito, vice-governador, vice-reitor, vice-presidente, vice-diretor, etc.
 
92 - Geralmente, se usa o x depois da sílaba inicial -en: enxaguar, enxame,  enxergar, enxaqueca, enxofre, enxada, enxoval, enxugar, etc . Mas cuidado com as exceções: encher e seus derivados (enchimento, enchente, enchido, preencher, etc ) e quando -en se junta a um radical iniciado por ch:encharcar (de charco), enchumaçar (de chumaço), enchiqueirar (de chiqueiro), etc.
 
93 - Não adianta teimar: chuchu se escreve mesmo é com ch.
 
94 - Ciclo vicioso não existe. O correto é círculo vicioso.
 
95 - E qual a diferença entre achar e encontrar? Use achar para definir aquilo que se procura, e encontrar para aquilo que, sem intenção nenhuma, se apresenta à pessoa. Veja: Achei finalmente o que procurava. Maria encontrou uma corda debaixo da cama. Jorge achou o gato dele que fugiu na semana passada.
 
96 - Adentro é uma palavra só: Meteu-se porta adentro. A lua sumiu noite adentro.
 
97 - Não existe adiar para depois.  Isso é redundante, porque adiar só pode ser para depois.
 
98 - Afim (juntinho) tem relação com afinidade: gostos afins, palavras afins. A fim de (separado) equivale a para: Veio logo a fim de me ver bem vestido.
 
99 - Pode parecer meio estranho, mas pode conjugar o verbo aguar normalmente: eu águo, tu águas, ele água, nós aguamos, vós aguais, eles águam.
 
100 - (Finalmente, chegamos ao centésimo item). E, por falar nisso, centigrama é palavra masculina : dois centigramaigramas .
 
Mais uma regrinha de ouro: Mulher SEMPRE diz "OBRIGADA" ao agradecer.  SEMPRE!

TAUTOLOGIA - VÍCIO DE REPETIÇÃO DE UMA IDEIA.

Sabem o que é tautologia?

"Vício de linguagem que consiste em dizer, por formas diversas, sempre a mesma coisa" (Aurélio).   Tauto significa o mesmo.
Tautologia consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'.
 
Mas há outros, como pode ver na lista a seguir:
- elo de ligação - elo já significa elemento de ligação.
- acabamento final - o que acaba é final.
- certeza absoluta - Há certeza relativa?
- juntamente com - com já significa junto de ou junto a
- expressamente proibido - a proibição sempre é expressa.  "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei" (CF, ART. 5º, II).
- em duas metades iguais - metades não podem ser diferentes, ou não serão metades.
- há anos atrás - Se dissermos "há anos", já significa que são passados.  Podemos dizer dizer a mesma coisa com "anos atrás",  mas sem o verbo haver.
- detalhes minuciosos - detalhes são minúcias.
- anexo junto à carta - anexo significa ligado ou junto mesmo.
- de sua livre escolha - escolha que não é livre não é escolha.
- conviver junto - conviver já é viver junto.
- fato real - fato não pode ser irreal.
- encarar de frente - encarar é olhar na cara, o que não pode ser feito por trás.
- multidão de pessoas - multidão já significa um grande conjunto de pessoas.  Se for de cachorros, será uma matilha.  Se for de bois, será uma manada, uma boiada, um rebanho, etc.
- amanhecer o dia - o que amanhece sempre é o dia.
- empréstimo temporário - se não for temporário, não será empréstimo, mas doação.
- surpresa inesperada - se algo já for esperado, não será surpresa.
- escolha opcional - escolha e opção são sinônimos.
- planejar antecipadamente - não há como planejar algo posteriormente.
- abertura inaugural - abertura já significa inauguração.
- continua a permanecer - esse é muito grave.  continuar e permanecer e a mesma coisa.
- a última versão definitiva - se a versão for definitiva tem que ser a última.
- possivelmente poderá ocorrer - pode-se dizer possivelmente ocorrerá, ou poderá ocorrer.
- comparecer em pessoa - não se pode comparecer sem ser pessoalmente.
- propriedades características - propriedades são o mesmo que caracteres.
- a seu critério pessoal - se o critério é seu, desnecessário dizer que é pessoal.
 
  Mais algumas expressões tautológicas, que também são chamadas de pleonasmos viciosos
Almirante da Marinha
Cursar um curso
Monopólio exclusivo
Opinião individual de cada um
plebiscito popular
encarar cara a cara
Viver a vida
Anexar junto
Ganhar grátis
Escolha opcional
Retornar de novo
Repetir de novo
Canja de galinha
Goteira no teto
nos dias 8, 9 e 10, inclusive
Países do mundo
Demente mental
Sorriso nos lábios
Bilateral entre os dois
Roubar objeto alheio
Hemorragia de sangue
sintomas indicativos
A viúva do finado
Entrar pra dentro
Sair pra fora
 

EXPRESSÕES DITAS TAUTOLÓGICAS, MAS JUSTIFICÁVEIS

Há algumas expressões que alguns consideram tautológicas, mas são perfeitamente possíveis dentro de um contexto apropriado.

vereador da cidade - Podemos muito bem fazer referência aos vereadores da cidade de Belo Horizonte, para que o leitor saiba que não estão inclusos os da cidade de Contagem ou da cidade de Betim.

exceder em muito -  Se uma pessoa exceder uma medida em "um por cento", excedeu em pouco.   Se exceder em "cinquenta por cento", excedeu em muito.

outra alternativa - Se achamos que as alternativas existentes são poucas, podemos perfeitamente procurar se existe outra alternativa.

gritar bem alto -  Se alguém gritar com intensidade insuficiente, com certeza lhe será exigido gritar bem alto ou mais alto.

demasiadamente excessivo - Algo pode ser um pouco excessivo.   Assim, pode ser também muito excessivo, ou demasiadamente excessivo.

quantia exata -  Se você pedir no açougue um quilo de carne, e o açougueiro pesar um quilo e noventa gramas, você até pode pedir que tire a diferença, deixando a quantia exata.

todos foram unânimes -  Parece não ser assim tautológico.  Onde vinte por cento do grupo discordou, apenas oitenta por cento foram unânimes.   Mas, se esse vinte por cento não tivesse discordado, todos teriam sido unânimes.

criação nova -  Não existe criação antiga?  Podemos até dizer que o computador é uma invenção nova, uma criação nova,  de poucas décadas; mas a tipografia é uma criação antiga, de séculos.

retornar de novo - de novo é repetição.   Mas imagine alguém que foi, retornou e foi novamente.  Ele não poderá retornar de novo? 
Se alguém disser: ele já havia retornado desde o ano passado.  Você terá que dizer.  Mas ele foi novamente para lá e retornou de novo.  Retornar significa voltar.    Você pode voltar muitas vezes.  

Pleonasmo literário e pleonasmo vicioso

Pleonasmo pode ser tanto uma figura de linguagem quanto um vício de linguagem. O pleonasmo é uma redundância (propositada ou não) nunca expressão, enfatizando-a.

Pleonasmo literário
Também denominado pleonasmo de reforço, estilístico ou semântico, trata-se do uso do pleonasmo como figura de linguagem para enfatizar algo num texto. Grandes autores usam muito este recurso. Nos seus textos os pleonasmos não são considerados vícios de linguagem, e sim pleonasmos literários.

«Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal»
(Fernando Pessoa)

Pleonasmo vicioso
Trata-se da repetição inútil e desnecessária de algum termo ou ideia na frase. Essa não é uma figura de linguagem, e sim um vício de linguagem
Eis alguns...  

Cego   dos olhos  -Se está cego, é do olho.
Maluco da cabeça   -Se está maluco, só pode ser da cabeça.
Subir para cima   -Se está a subir, só pode ser para cima.
Descer para baixo    -Se está a descer, é para baixo.
Entrar para dentro  -Se está a entrar, é para dentro.
Sair para fora  -Se está a sair, é para fora.
Hemorragia de sangue -A hemorragia já é um derramamento de sangue para fora dos vasos.
Pessoa Humana  -Se é uma pessoa, só pode ser humana. 
Unanimidade de todos   -Se é unânime se trata de todos.
Acabamento final  -Se é um acabamento, só pode ser final.
Gritar alto     -Se uma pessoa grita, só pode ser alto.
Dupla de Dois   -Se é dupla, tem que ser de dois
Olhar com os olhos -Se uma pessoa está a olhar, só pode ser com os olhos.

Estreia pela primeira vez -Se é estreia, tem que ser a primeira vez.
Cala a boca -Se é para se calar, tem de ser da boca.


É proibido ou é proibida

É proibido a entrada de estranhos ou É proibida a entrada de estranhos?

É proibido, assim como as expressões “é preciso”, “é necessário”, “é bom” e “é permitido”, é invariável quando o sujeito não é determinado por artigo ou por certos pronomes.

Através dessa rápida definição podemos dizer qual das duas orações iniciais está equivocada!

Observe: É proibido a entrada de estranhos. Quem é o sujeito da frase? A entrada de estranhos. Note a presença do artigo “a” antes do núcleo do sujeito “entrada”.

Agora, vamos inverter a frase: A entrada de estranhos é proibido. Viu como fica estranho? Na há concordância entre sujeito e complemento. O certo seria: É proibida a entrada de estranhos.

“Proibida”, neste caso, concorda com “entrada”.

Agora observe: É proibido vender bebida alcoólica para menores de idade.

Não há presença de artigo ou pronome que determine o sujeito, que, aliás, é a própria oração subordinada reduzida de infinitivo (vender bebida):

É proibido vender bebida. Vender bebida alcoólica é proibido. Vender é proibido. É proibido vender.

Veja como ficaria estranho: É proibida vender bebida. Mas: É proibida a venda de bebida alcoólica, não é! Isso porque o artigo “a” e o núcleo do sujeito “venda” são femininos: A venda (de bebida alcoólica) é proibida. A venda é proibida.

Quando ficar com dúvida, inverta a frase como foi explicado acima e verifique também a presença do artigo “a”, se for o caso, use é proibida.

Outros exemplos com as expressões “é preciso”, “é necessário”, “é bom” e “é permitido”:

a) É necessário prudência ao dirigir. (sem presença de artigo)
b) É preciso cautela com determinados conselhos.
c) Não é permitido cachorros neste recinto.
d) A presença de cachorros não é permitida.
e) A água é boa para saúde.
f) Água é bom para hidratar a pele.
g) Presença de crianças nesta sala é terminantemente proibido. (note que não há presença de artigo).
h) A presença de crianças nesta sala é permitida.
Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola
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Sabem o que é tautologia? 
  
É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. 
Consiste na repetição de uma idéia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido. 
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. 
Mas há outros, como pode ver na lista a seguir:

- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exacta
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
todos foram unânimes
- conviver junto
- facto real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planear antecipadamente
- abertura inaugural
continua a permanecer
- a última versão definitiva
possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito

Note que todas essas repetições são dispensáveis.

Por exemplo, 'surpresa inesperada'. 

É a repetição de termos supérfluos, evidentes ou inúteis na frase. É o mesmo que repetição redundante, desnecessária, motivada pela ignorância de quem escreve ou fala. A seguir, uma lista de pleonasmos viciosos que devem ser evitados:

Subir para cima - Se está subindo, logo, é para cima. 
Descer para baixo - Se está descendo, logo, é para baixo. 
Entrar para dentro - Se está entrando, logo, é para dentro. 
Sair para fora - Se esta saindo, logo, é para fora. 
Protagonista principal - O protagonista já é o principal. 
Anexar junto - O anexo já é junto. 
Hemorragia de sangue - A hemorragia já trata de derramamento de sangue para fora dos vasos. 
Almirante da Marinha - só existe essa patente na Marinha 
Brigadeiro da Aeronáutica - só existe na Aeronáutica 
General do Exército - só existe no Exército, observando que a expressão pode ser General-de-Exército, que se trata da mais alta patente de um oficial general e logo, não se trata de um pleonasmo.

cabamento final
Ganhar grátis (ou de graça)
Adiar para o dia seguinte
General do Exército
Agora já
Goteira no teto
Ainda… mais
Há muitos anos atrás
Almirante da Marinha
Hábitat natural
Alocução breve
Hemorragia de sangue
Antecipar para antes
Hepatite do fígado
Bonita caligrafia
Inaugurar novo
Brigadeiro da Aeronáutica
Introduzir dentro
Brisa matinal da manhã
Já não há mais
Canja de galinha
Labaredas de fogo
Conclusão final
Lançar novo
Consenso geral
Manter o mesmo
Continuar ainda
Metades iguais
Conviver junto
Monopólio exclusivo
Criar novos
Novidade inédita
Dar de graça
Panorama geral
Decapitar a cabeça
Países do mundo
Demente mental
Pequenos detalhes
Descer para baixo
Prefeitura Municipal
Efusivos parabéns
Protagonista principal
Elo de ligação
Regra geral
Emulsão do óleo
Relação bilateral entre dois…
Encarar de frente
Repetir de novo
Enfrentar de frente
Sair fora (ou para fora)
Entrar dentro (ou para dentro)
Sentidos pêsames
Erário público
Sorriso nos lábios
Estrelas do céu
Sua própria autobiografia
Exultar de alegria
Subir para cima
Fato verídico
Surpresa inesperada
Faz muitos anos atrás
Vereadores da Câmara Municipal
Fraternidade humana
Viúva do falecido


Reportagem interessante. 

DOMINGO, 22 DE MAIO DE 2011


Autor de Nova Gramática diz ser difícil brasileiro seguir regras da língua portuguesa   

  Ataliba de Castilho (Foto: Divulgação/Unicamp)
“É difícil insistir em normas para a língua num país que adora desobedecer a regras”, define Ataliba de Castilho, autor da Nova Gramática do Português Brasileiro, lançado em abril deste ano.
Professor titular aposentado da USP e da Unicamp e um dos idealizadores do Museu da Língua Portuguesa, ele diz que os autores do livro didático Por uma vida melhor, que dedica um capítulo ao uso popular da língua, estão empenhados em discutir a amplitude e a criatividade da língua portuguesa, além do conceito de certo e errado estabelecido pela norma culta. O livro é adotado pelo MEC (Ministério da Educação) para a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
“As pessoas estavam acostumadas com a ideia de que só há um jeito de falar. Mas agora há a percepção de que a língua é heterogênea e que há vários modos de se dizer a mesma coisa”, afirmou em entrevista ao Poder Online.
Poder Online – Como autor da Nova Gramática do Português Brasileira, como o senhor tem acompanhado as discussões a respeito do livro Por uma vida melhor, adotado pelo MEC para a Educação de Jovens e Adultos (EJA)?
Ataliba de Castilho - Essa discussão foi por um caminho errado, mas sem querer acertou numa outra coisa em que não se estava pensando. A discussão está errada porque o julgamento do livro não leva em conta que ele apresenta as regras de concordância do português padrão, que é o português da escola, e depois mostra como as pessoas aplicam essas regras na variedade popular. Mas o lado positivo é que essa querela colocou na rua um tipo de discussão que tem sido desenvolvida nos últimos vinte anos dentro das universidades e nos órgãos que administram o ensino. Essa discussão tipicamente acadêmica foi tirada dos muros da universidade e jogada na rua.
Poder Online - Em entrevista ao iG, o professor Evanildo Bechara afirmou que, ao lidar com  a questão da variedade popular em sala de aula, está se está tirando o do professor o elemento fundamental da educação: o interesse para aprender mais. Como o papel do professor entra nessa discussão?
Ataliba de Castilho – A questão que se deve levantar agora é: como vamos ensinar o padrão culto da língua a alunos que não vêm apenas da classe média urbana? Os professores de português, e aí o professor Bechara tem toda razão, jamais ensinariam um padrão que não seja de prestígio, que não seja o padrão culto. Ninguém quer que os seus alunos deixem de progredir em suas vidas. E para progredir, isso em qualquer sociedade humana, não só no Brasil, é preciso se conformar à classe de prestígio. Mas quando se transforma o ensino em uma lei geral, é que aparece o problema. Os alunos que não conhecem a variedade culta passaram a ir para a escola. E como agir? O professor faz de conta que não vê aquele aluno, que a língua dele não existe e que tudo o que ele fala está errado? Se agir desse jeito, o professor afastará o aluno do aprendizado. O ideal é que o professor leve os alunos a refletirem sobre os diferentes modos de dizer a mesma coisa. Foi isso que a autora do livro fez.
Poder Online - Como o senhor acha que um professor de escola pública recebe e trabalha com os livros que estimulam os alunos a refletir sobre os diferentes modos de dizer a mesma coisa?
Ataliba de Castilho – Aí colocamos o dedo na ferida. Estamos, de fato, no olho do furacão. Estamos mudando a clientela do ensino fundamental, mas os professores continuam a ser preparados pelas faculdades de letras – preparados entre trinta mil aspas – para não saber como cuidar dessa situação. Ou seja, eles não estão sendo preparados para enfrentar a nova clientela que está nas escolas. E aí surgem muitos equívocos. Mas não se pode condenar os professores de português. É difícil insistir em um conjunto de normas para a língua num país que adora desobedecer todas as regras. Isso desde as autoridades federais, passando pelas estaduais até as municipais. O professor de português entra em confronto com a realidade: na sala de aula, ele diz que é preciso ter certos padrões, levar em conta certas normas e regras, mas no mundo fora da escola o que se é vê é o contrário. Não adianta cair de pau em cima do professor de português porque ele não consegue preparar os seus alunos. É lógico que ele não consegue: quando o professor abre a boca para explicar essas coisas, os alunos começam a rir por dentro. Ou pior: começam a rir por fora mesmo.
Poder Online - Há uma solução que possa auxiliar o professor em sala de aula?
Ataliba de Castilho – A ciência, tanto a pedagogia, quanto a linguística, sabe qual é o caminho. Mas não se consegue aplicar isso em sala de aula por causa do comportamento dos alunos. Um outro problema é que, tradicionalmente, os professores dão respostas para questões que os alunos não fizeram. Isso explica o desinteresse. Mas, ao invés de a aula ser um espaço em que se vai para saber o que é certo e correto, é preciso transformar a aula em um espaço de debate e discussão sobre a língua. Aí, sim, funciona porque, na ciência da linguagem, não há uma única resposta certa. O certo e errado só existe quando se reduz a língua à variante culta. Às vezes penso que os brasileiros foram treinados, por todas as situações históricas, a ser uma gente obediente, não criativa. Uma gente que está acostumada a perguntar se está certo ou errado. Não seria melhor perguntar: eu falei claro, eu escrevi claro?

NOVA REFORMA ORTOGRÁFICA- Vamos ter calma!
Só muda na escrita.

Preconceito que cala, língua que discrimina
Marcos Bagno, escritor e linguista brasileiro, deixa à mostra a ideologia de exclusão social e de dominação política pela língua

23/12/2010

Joana Moncau,

Marcos Bagno, escritor e linguista brasileiro, deixa à mostra a ideologia de exclusão social e de dominação política pela língua, típica das sociedades ocidentais. “Podemos amar e cultivar nossas línguas, mas sem esquecer o preço altíssimo que muita gente pagou para que elas se implantassem como idiomas nacionais e línguas pátrias”.
O preconceito linguístico é um preconceito social. Para isso aponta a afiada análise do escritor e linguista Marcos Bagno, brasileiro de Minas Gerais. Autor de mais de 30 livros, entre obras literárias e de divulgação científica, e professor da Universidade de Brasília, atualmente é reconhecido sobretudo por sua militância contra a discriminação social por meio da linguagem. No Brasil, tornou-se referência na luta pela democratização da linguagem e suas ideias têm exercido importante influência nos cursos de Letras e Pedagogia.
A importância de atingir esse meio, segundo ele, é que o combate ao preconceito linguístico passa principalmente pelas práticas escolares: é preciso que os professores se conscientizem e não sejam eles mesmos perpetuadores do preconceito linguístico e da discriminação. Preconceito mais antigo que o cristianismo, para Bagno, a língua desde longa data é instrumentalizada pelos poderes oficiais como um mecanismo de controle social. Dialeto e língua, fala correta e incorreta: na entrevista concedida a Desinformémonos, ele desnaturaliza esses conceitos e deixa à mostra a ideologia de exclusão e de dominação política pela língua, tão impregnada nas sociedades ocidentais.

A língua é um dialeto com exército e marinha”, Max Weinreich
O controle social é feito oficialmente quando um Estado escolhe uma língua ou uma determinada variedade linguística para se tornar a língua oficial. Evidentemente qualquer processo de seleção implica um processo de exclusão. Quando, em um país, existem várias línguas faladas, e uma delas se torna oficial, as demais línguas passam a ser objeto de repressão.
É muito antiga a tradição de distinguir a língua associada ao símbolo de poder dos dialetos. O uso do termo dialeto sempre foi carregado de preconceito racial ou cultural. Nesse emprego, dialeto é associado a uma maneira errada, feia ou má de se falar uma língua. Também é uma maneira de distinguir a língua dos povos civilizados, brancos, das formas supostamente primitivas de falar dos povos selvagens. Essa forma de classificação é tão poderosa que se erradicou no inconsciente da maioria das pessoas, inclusive as que declaram fazer um trabalho politicamente correto.
De fato, a separação entre língua e dialeto é eminentemente política e escapa aos critérios que os linguistas tentam estabelecer para delimitar dita separação. A eleição de um dialeto, ou de uma língua, para ocupar o cargo de língua oficial, renega, no mesmo gesto político, todas as outras variedades de língua de um mesmo território à terrível escuridão do não-ser. A referência do que vem de cima, do poder, das classes dominantes, cria aos falantes das variedades de língua sem prestígio social e cultural um complexo de inferioridade, uma baixo auto-estima linguística, a qual os sociolinguistas catalães chamam de “auto-ódio”.
Falar de uma língua é sempre mover-se no terreno pantanoso das crenças, superstições, ideologia e representações. A Língua é um objeto criado, normatizado, institucionalizado para garantir a unidade política de um Estado sob o mote tradicional: “um país, um povo, uma língua”. Durante muitos séculos, para conseguir a desejada unidade nacional, muitas línguas foram e são emudecidas, muitas populações foram e são massacradas, povos inteiros foram calados e exterminados. No continente americano, temos uma história tristíssima de colonização construída sobre milhares de cadáveres de indígenas que já estavam aqui quando os europeus invadiram suas terras ancestrais e dos africanos escravizados que foram trazidos para cá contra sua vontade.
Não podemos esquecer que o que chamamos de “língua espanhola”, “língua portuguesa”, ou “língua inglesa” tem um rico histórico, não é algo que nasceu naturalmente. Podemos amar e cultivar essas línguas, mas sem esquecer o preço altíssimo que muita gente pagou para que elas se implantassem como idiomas nacionais e línguas pátrias.

Breve histórico linguístico da América Latina
A história linguística da América Latina foi e é marcada por muita violência contra as populações não-brancas, em todos os sentidos, dos massacres propriamente ditos, passando pela escravização e chegando aos dias de hoje com a exclusão social e o racismo.
No caso específico das línguas, as potências coloniais (Portugal e Espanha) se empenharam sistematicamente em impor suas línguas. As situações variam de país a país. Na Argentina, por exemplo, depois da independência, o governo traçou um plano explícito de extermínio dos indígenas, a chamada “Conquista do Deserto”, pagando em dinheiro às pessoas que levassem escalpos como prova do assassinato. Com isso, a população indígena da Argentina, principalmente do centro para o sul, desapareceu quase completamente, e com ela suas línguas.
No Peru e na Bolívia, a língua quéchua, que era uma espécie de idioma internacional do império inca, é muito empregada até hoje, havendo mesmo comunidades mais isoladas cujos falantes não sabem falar espanhol.
No Brasil, o trabalho de imposição do português foi muito bem feito, de maneira que é a língua homogênea da população. O extermínio dos índios fez desaparecer centenas de línguas: hoje sobrevivem cerca de 180, mas faladas por muito pouca gente, algumas já em vias de extinção. Durante boa parte do período colonial, a língua mais usada no Brasil foi a chamada “língua geral”, baseada no tupi antigo, que os jesuítas empregaram para catequizar os índios. Com a expulsão dos jesuítas no século XVIII e a proibição do ensino em qualquer língua que não fosse o português, a língua geral desapareceu. É uma pena que não tenhamos uma riqueza linguística como no México, que possui mais de 50 línguas diferentes, sendo que o nahua é falado por cerca de 1 milhão de pessoas. Ainda assim, essas minorias linguísticas no Brasil estão cada vez mais reconhecendo seus direitos e lutando por eles.
Quanto às línguas africanas no Brasil, elas não puderam sobreviver porque os portugueses tomavam cuidado para separar as famílias em lotes diferentes bem como os falantes de uma mesma língua, de modo que fossem obrigados a aprender o português para se comunicar entre si e com os brancos. Mesmo assim, as línguas africanas, sobretudo as do grupo banto, influíram fortemente na formação do português brasileiro, fazendo com que ele se tornasse o que é hoje, uma língua bem diferente do português europeu.
No Paraguai, como não houve expulsão dos jesuítas, a língua geral empregada por eles, o abanheenga (guarani), permanece até hoje como elemento importante da vida dos paraguaios, que são bilíngues em sua maioria: espanhol e guarani.

Falar errado? Para quem?
Também existe uma ideologia linguística que não é oficializada, mas que ao longo do tempo se instaura na sociedade. Em qualquer tipo de comunidade humana sempre existe um grupo que detém o poder e que considera que seu modo de falar é o mais interessante, o mais bonito, é aquele que deve ser preservado e até imposto aos demais.
Nas sociedades ocidentais as línguas oficiais sempre foram objetos de investimento político. As línguas são codificadas pelas gramáticas, pelos dicionários, elas são objetos de pedagogias, são ensinadas. Claro que essa língua que é normatizada nunca corresponde às formas usuais da língua, sempre há uma distância muito grande entre o que as pessoas realmente falam no seu dia-a-dia, na sua vida íntima e comunitária, e a língua oficializada e padronizada.
A questão da língua é a única que une todo o espectro linguístico, ou seja, a pessoa da mais extrema esquerda e da mais extrema direita geralmente concordam, por exemplo, diante da afirmação de que os brasileiros falam português muito mal. É uma ideologia muito antiga, eu digo que é uma religião mais antiga que o cristianismo, porque surgiu entre os gramáticos gregos 300 anos antes de Cristo e se impregnou na nossa cultura ocidental de maneira muito forte.
Entretanto, ao mesmo tempo em que as classes dominantes diziam que era preciso impor o padrão para todo o mundo, elas não permitiam às classes dominadas o acesso a ele. Havia essa contradição, que na verdade não é uma contradição, mas uma estratégia político-ideológica: “Você tem que se comportar assim, mas não vou te ensinar como”. Isso, para as classes dominantes terem, além de outros instrumentos de controle social, também o controle da língua. É o que Pierre Bourdieu chama de a ‘língua legítima’: as classes dominadas reconhecem a língua legitima, mas não a conhecem. Ou seja, elas sabem que existe um modo de falar que é considerado bonito, importante, mas elas não têm acesso a ele.
O preconceito linguístico nas sociedades ocidentais é derivado principalmente das práticas escolares. A escola sempre foi muito autoritária, muitas vezes as pessoas tinham que esquecer a língua que já sabiam e aprender um modelo de língua. Qualquer manifestação fora desse modelo era considerada erro, e a pessoa era reprimida, censurada, ridicularizada.
Outro grande perpetuador da discriminação linguística são os meio de comunicação. Infelizmente, pois eles poderiam ser instrumentos maravilhosos para a democratização das relações linguísticas da sociedade. No Brasil, por serem estreitamente vinculados às classes dominantes e às oligarquias, assumiram o papel de defensores dessa língua portuguesa que supostamente estaria ameaçada. Não interessa se 190 milhões de brasileiros usam uma determinada forma linguística, eles estão todos errados e o que apregoam como certo é aquela forma que está consolidada há séculos. Isso ficou muito evidente durante todas as campanhas presidenciais de que Lula participou. Uma das principais acusações que seus adversários faziam era essa: como um operário sem curso superior, que não sabe falar, vai saber dirigir o país? Mesmo depois de eleito, não cessaram as acusações de que falava errado. A mídia se portava como a preservadora de um padrão linguístico ameaçado inclusive pelo presidente da República.
Nessas sociedades e nessas culturas muito centradas na escrita, o padrão sempre se inspira na escrita literária. Falar como os grandes escritores escreveram é o objetivo místico que as culturas letradas propõem. Como ninguém fala como os grandes escritores escrevem, a população inteira em teoria fala errado, porque esse ideal é praticamente inalcançável.
Entretanto, isso é muito contraditório, porque os ensinos tradicionais de língua dizem que temos que imitar os clássicos, mas ao mesmo tempo somos proibidos de fazer o que os grandes autores fazem, que é a licença poética. Como aprendemos nas escolas, ela é permitida àquele que em teoria sabe tão bem a língua que pode se dar ao luxo de desrespeitar as normas. A diferença entre a licença poética e o erro gramatical é, basicamente, de classe social. Uma pessoa pela sua própria origem social se dá ao direito e tem esse direito reconhecido de falar como quiser, outra, também por sua origem social não tem esse direito.
Cria-se um padrão linguístico muito irreal, muito distante da realidade vivida da língua. É a partir desse confronto entre a maneira de falar das pessoas e essa língua codificada, que surgem esses conflitos linguísticos. A pessoa, ao comparar seu modo de falar com aquilo que aprende na escola ou com o que é codificado, vê a distância que existe entre essas duas entidades e passa a achar que seu modo de falar é feio, é errado.
Qualquer tipo de imposição linguística acaba gerando um efeito contrário que é a auto-rejeição linguística ou a promoção de um preconceito linguístico por parte das camadas sociais dominantes.

Luta contra o preconceito linguístico
Acabar com o preconceito linguístico é uma coisa difícil. É preciso sempre que façamos a distinção entre preconceito e discriminação. O que nós temos que combater é a discriminação, ou seja, quando esse preconceito deixa de ser apenas uma atitude ou um modo de pensar das pessoas e se transforma em práticas sociais.
Primeiro é preciso reconhecer a existência do preconceito linguístico, conhecer os modos como ele se manifesta concretamente como atitudes e práticas sociais, denunciar isso e criar modos de combatê-lo.
Justamente pelo fato de o preconceito linguístico nas sociedades ocidentais ser derivado das práticas escolares, na minha opinião, o grande mecanismo para começar a desfazer o preconceito linguístico, a discriminação linguística, está também na pratica escolar. É muito importante que a escola, em sociedades letradas como a nossa, permita ao aluno esse processo do acesso ao letramento a partir de práticas pedagógicas democratizadoras, em que as variações linguísticas sejam reconhecidas como prática da cultura nacional, que não sejam ridicularizadas. E é claro que isso tem um funcionamento político muito importante, não só na escola, mas em toda a sociedade.
Por isso que no Brasil, eu e um conjunto de outros linguistas e educadores estamos sempre atacando muito o preconceito linguístico e propondo práticas pedagógicas democratizadoras. Que a criança, ao chegar na escola falando uma variedade regional menos próxima do padrão, não seja discriminada. Nosso trabalho atualmente se centra muito na escola, nos materiais didáticos e na formação dos professores de português, para que não sejam eles mesmos perpetuadores do preconceito linguístico e da discriminação.
Além disso, vale considerar que, em menos de meio século, a proporção mundial entre a população urbana e a rural ficou muito desigual, com a população mundial muito mais urbanizada. A urbanização implica o contato com formas linguísticas de maior prestigio, na televisão, na escola, na leitura etc. Isso vai implicar também uma espécie de nivelamento linguístico. Embora as variedades linguísticas se mantenham, quanto mais pessoas souberem ler e escrever e tiverem ascensão social, é mais provável que haja um nivelamento linguístico maior.
No caso específico do Brasil, nos últimos oito anos, quase 30 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza e com isso vão impor também sua maneira de falar. Outro dado muito importante é que a grande maioria das pessoas que se formam professores (de português, principalmente) vem dessas camadas sociais. Portanto, o professor que está indo para sala de aula já é falante dessas variedades linguísticas que antigamente eram estigmatizadas. Isso vai provocar um grande movimento de valorização dessas variedades menos prestigiadas. Estamos assistindo a um momento muito importante da história sociolinguística do Brasil.


O PODER DAS PALAVRAS



JOVEM Faz CRÍTICA
( Não sou a favor da "linguagem chula"-palavrões, mas ele deu sua opinião.)